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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

SILÊNCIO PARA UM ANJO


O mundo em silêncio e, em algum lugar,
tua carne ainda ocupa o centro de mim,
teu nome se reveza entre meus olhos e minha boca,
sem que eu saiba que forma ele finalmente terá.
Tem garras, o teu nome.
Tem também um sumo que arde quando escala a garganta e me põe essa dor paralisante nas mãos.
O pior em cada coisa é não saber se ensurdeceste à minha voz,
o pior em tudo é pressentir que estás desertando de mim e que tudo seca,
tudo murcha e se despetala em ausência.
Sou o retrato bruto da dor, aqui posta de braços abertos à espera dos teus olhos.
Sou eu mesma a dor refundada,
delicadamente urdida sobre uma frágil tecitura de memória,
imóvel e dócil, como só a tristeza pode compor ao corpo.
Espero ínfima, mansa e imolada inseta na teia pela tua fome,
ou teu abandono.

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MARYAYGA POEMAS
MARY ARNAUD

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